A ALF (Associação Longboard Foz) é uma organização formada por amantes da cultura do Longboard e Skate aqui da cidade. Desde sua formação organizam campeonatos, eventos e discussões sobre o esporte nas Três Fronteiras. O Drop Dois Cavalos foi o apelido dado pra pista que fica logo abaixo da rua de acesso ao Cidade Nova. Segundo João Ritchie, presidente da associação, o drop recebeu esse nome porque toda vez que vinham para treinar aqui encontravam duas crianças andando de cavalo.

O campeonato de sábado contou com a participação de pessoas de Foz, Cascavel, Paraguai e Argentina. “Essa questão do Paraguai e Argentina ta bem forte aqui pra gente que mora em Foz, então a gente tem participado dos eventos, tanto no Paraguai quanto na Argentina. Então todo evento que a gente faz aqui o pessoal também comparece”, ressalta João, sobre a integração do Longboard das Três Fronteiras.

O argentino Sixton de Puerto Iguazú faz parte do grupo Long Legüero que pratica o esporte na parte norte da Argentina. Já o Paraguaio Chino costuma treinar com a galera em Salto Monday. Para Sixton o esporte vai muito além de um entretenimento, mas sim uma nova forma de se relacionar com a natureza e o contato com outros coletivos pode influenciar também para uma integração política e cambiar a realidade da região. Fala ainda da elitização do esporte e da dificuldade de acesso para a população mais pobre: “Não é de fácil acesso porque é um esporte novo e aí tem o capitalismo que se aproveita, poderia ser mais barato, mais acessível”. Mas diante das dificuldades o argentino ressalta: “mas há formas de organizar-se, ter consciência, organizar-se para poder facilitar, tanto peças velhas que não se usam, tábuas e fazer uma escolinha. Uma escolinha de longboard. O lugar aqui [Cidade Nova] é incrível, se pode fazer. Isso é uma forma de vida e uma forma de consciência também, de alguma forma pode incentivar as crianças”.

Em Ciudad Del Este cerca de 10 pessoas se reúnem para praticar. Chino diz que tem a idéia de fazer um encontro de Longboard das Três Fronteiras, com atividades nos três países. Critica ainda a falta de incentivo do governo a essa modalidade de esporte: “Tem que pedir apoio para o governo, porque normalmente quando vê uma tábua assim fala que isso não faz nada, só que é um esporte como o futebol, como o basquete, o vôlei. Mas é um esporte radical”.



Mulheres no Longboard

Segundo João Ritchie, a participação das mulheres está crescendo bastante no Longboard: “Aqui em Foz a gente tem a participação de algumas meninas. Hoje mesmo a gente tem uma menina [Bruna Letícia] competindo junto com os meninos. As mulheres estão cada vez mais fortes. É um esporte que tem a categoria feminina, as atletas brasileiras, principalmente as paranaenses estão se dando muito bem nos campeonatos”. 

Foz e X-Games

Recentemente Foz do Iguaçu foi palco do maior evento de esportes radicais do mundo, o X-Games. Apesar de toda a jogada midiática que houve, João acredita que não houve investimento no esporte local. “Essa coisa do X-Games é uma coisa engraçada porque foi gasto milhões de reais e a cidade não recebeu nada, não recebeu uma pista, não recebeu nenhuma infra-estrutura. A gente mesmo tem muita dificuldade pra fazer um evento. Parte da Secretaria de Esporte dá um apoio, mas o Foztrans não quer liberar fechamento de rua”.

O evento do dia 07 foi organizado no estilo Out Low, que é uma forma mais clandestina de organizar eventos menores sem pedir autorização nem fechamento de rua. “É uma coisa que tem bastante no Brasil e no mundo por aí, que é um lance pra fazer rápido mesmo. A gente decidiu fazer na segunda feira e hoje ta acontecendo já”, explica João.