No bairro Cidade Nova, pré-conferência aponta ideias e propostas culturais para o município
Na noite do último sábado (13), cerca de cinquenta pessoas participaram da Pré-Conferência de Cultura, realizada na Biblioteca CNI, no bairro Cidade Nova. Lideranças populares, artistas e produtores, professores e estudantes, integrantes dos governos e a comunidade local debateram e formularam propostas a partir do eixo temático “Cidadania e Direitos Culturais”.

O encontro é preparatório à II Conferência Municipal de Cultura, que acontece no campus do Instituto Federal de Educação (IFPR), entre os dias 25, 26 e 27 de julho. As próximas pré-conferências acontecem na Fundação Cultural, no próximo sábado (20), às 09h e na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste/Foz), na segunda-feira (22), às 19:30h.

Os presentes na pré-conferência da Cidade Nova abordaram diversos temas, como a necessidade de ampliação, diversificação e apoio a espaços e projetos culturais, a melhoria do transporte para o deslocamento da população até os eventos artísticos e a mudança do conceito de planejamento urbano, que deve contemplar espaços para as práticas de lazer e cultura nas áreas públicas, inclusive nos novos loteamentos.

Ao iniciar a plenária, Arinha Rocha, presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC), enalteceu o trabalho realizado pela comunidade do bairro, que além de manter uma biblioteca ainda promove atividades artísticas constantes. “A experiência desenvolvida aqui no bairro Cidade Nova tem muito a ensinar às demais localidades e esse trabalho conta na soma de esforços para construirmos políticas públicas para toda a cidade”, disse Arinha.

A ativista social Elza Mendes, integrante da associação Cidade Nova Informa (CNI), falou da importância da realização do encontro. “Precisamos mudar a realidade cultural de Foz do Iguaçu e esta é a primeira vez que uma pré-conferência de cultura acontece em um bairro, onde a Fundação Cultural está saindo do enclausuramento governamental para se aproximar da comunidade”, defendeu Elza.

A apresentação do tema discutido foi realizada pelos professores Franciele Rebelatto e Eduardo Fonseca, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Os docentes trataram do direito à cultura a partir dos conceitos preconizados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e de experiências vividas por eles em suas localidades de origem, no Rio Grande do Sul e Minas Gerais. “Falamos de nosso lugar, de nossas experiências para expandir as ideias e ajudar na formulação de propostas culturais em todas as áreas”, explicou Eduardo, durante a sua explanação. Ao concluir, o professor defendeu que o “poder econômico não pode sobrepor o direito à cultura e ao pleno exercício da cidadania”.

O rapper Mano Zeu, integrante do coletivo CNI, entre propostas específicas, também defendeu a pluralidade. “Devemos lutar pela democratização e a igualdade no acesso, com atenção e apoio à produção nas comunidades e periferias e a atividades realizadas por negros e mulheres”.

PROPOSTAS - Entre as muitas sugestões formuladas durante a pré-conferência, estão as seguintes: mapeamento das atividades e dos produtores culturais; eleição de delegados à conferência durante as pré-conferências de cultura; apoio a projetos de leitura através dos Pontos de Leitura; criação de um estúdio musical coletivo; implantação de uma gráfica popular; melhoria no transporte para facilitar o acesso aos eventos artísticos; apoio da mídia técnica oficial a publicações populares e alternativas; criação de programas de arte e cultura nos bairros; ampliação, diversificação e criação de espaços para a arte, cultura e lazer nos bairros; valorização dos artistas locais nos eventos da cidade; discussão e avaliação sobre o funcionamento da Lei Rouanet e do ECAD; implantação de uma assessoria de apoio a produtores e artistas; promoção de projetos literários nas escolas; apoio ao audiovisual; criação de um circuito itinerante de exposições.

No encontro, ainda foram sugeridas três moções, contra a criminalização dos artistas populares e alternativos, pela itinerância das reuniões do Conselho de Cultura e de apoio à PEC 150.

(Conselho Municipal de Políticas Públicas)

Fonte: http://www.redemegafone.com.br/cultura-direito-e-cidadania/